Dores estomacais. Me sentia numa cena daquele programa Não Sabia Que Estava Grávida, tamanha dor que me atacou de madrugada. Fui ao banheiro. Nada. Nem um filho, nem gases. Voltei, dormi. Sonhei. Sonhei muito bem. Acordei dez minutos antes do despertador, fiquei orgulhosa. Chequei as mensagens do celular e vi que as últimas sms que tinham sido enviadas por mim com tanto amor não causaram nenhum impacto no destinatário, que, por sua vez, me respondeu com um sms frio de bom dia.
Consegui sair de casa dez minutos mais cedo, fiquei orgulhosa. Eu sabia que os ônibus estavam em greve, mas não sabia que era apenas 10% da frota que estava ativa. Esperei trinta minutos e nada. Sentada no banco com o vale transporte em cima das coxas, uma hora o cartão caiu no chão e eu quase não vi. Juntei ele e ainda pensei "ufa! quase perdi meu TRI". Desisti do ônibus e resolvi pegar uma van até o centro. Atravessei a rua pra esperar a bendita, e nesse tempo passou um cara e sussurrou no meu ouvido "tem muita gente suspeita......". That was creepy. Entrei na van, desci no centro.
O dia tava lindo. Adoro o centro em dias frios e ensolarados. Enfim. Peguei o taxi e o motorista era um velhinho surdo. Ele colocou músicas da Beyoncé antigas (Baby Boy e Naughty Girl) num volume super alto. Foi muito amor. Fiquei feliz. Cheguei atrasada na minha aula favorita da semana -literatura-. Mas cheguei. Beleza. Eu tava há três dias sem lavar o cabelo, fui de coque pra aula já que não ia encontrar ninguém conhecido mesmo e porque aquela ia ser minha única aula do dia (meu curso é por disciplina). No meio da aula recebi um sms de um amigo "bah, esse professor merecia um Nobel". Olhei pra trás e lá estava meu amigo que tinha perdido a primeira aula por causa dos ônibus e resolveu assistir àquela aula. Bem atrás de mim. E eu achando que ia poder esconder minha xexelenteza. Ok.
A aula acabou e eu fui pra parada de ônibus pensando "bom, agora posso esperar o quanto quiser, uma vez que não tenho pressa pra chegar em casa". Fiquei quarenta minutos esperando. Resolvi pegar qualquer ônibus pro centro e de lá pegar uma bicicleta e ir pra casa. Ao subir no ônibus, procurei meu TRI. Kd meu TRI. Isso mesmo: eu perdi meu TRI. Paguei a passagem e desci no centro louca de fome.
Fui até o mercado público onde pretendia comer sushi com os cinco reais que eu tinha. Tava fechado. Fui na outra sede. A fila tava gigante. Fui no Subway que tem do lado pra comprar um cookie. A maquininha de imprimir notas tava estragada e a fila tava gigante. Droga, vontade de fazer xixi.
Acabei num daqueles barzinhos baratíssimos com salgados gordurosos. Comi um risoles horrível de frango. Vontade de fazer xixi. A televisão tava mostrando o bando de gente que perdeu as casas por causa das chuvas. Vontade de chorar. E de fazer xixi. Um velhinho (também surdo) resolveu fazer uma piadinha comigo muito ruim. Fui forçada a rir. Vontade de fazer xixi. Caminhei, peguei a bicicleta, pedalei por meia hora, cheguei em casa cansada, suada, com fome, com vontade de chorar e de fazer xixi.
Que bosta de dia. Perdi meu TRI. PERDI MEU TRI. Cheguei em casa, troquei de roupa, me atirei na cama, fui grossa com algumas pessoas e dormi. Até a vontade de fazer xixi sentiu pena dessa pobre criatura que vos escreve e me deixou em paz. Acordei. Me dei conta de que a melhor parte do dia tinha sido durante o primeiro sono que disse antes que havia sonhado muito bem.
Pros curiosos: sonhei que tinha uma prateleira inteira de Milka no supermercado. E como diria o Carlinhos da pedra: eta vida besta, meu Deus...